Qualquer pequena alteração na mistura de ingredientes da bebida pode alterar o gosto, a cor ou o aroma. Por isso existem cerca de 150 tipos de cerveja no mundo. As diferenças aparecem já na escolha das matérias-primas. A maioria das cervejas é feita com grãos de cevada germinados, torrados e triturados para formar o malte, mas algumas variedades usam o trigo no lugar da cevada ou acrescentam milho e arroz para baratear o produto. Além disso, quanto mais torrada a cevada, mais escura fica a cerveja. Na etapa seguinte, o malte passa por uma caldeira de cozimento e recebe o lúpulo, a flor que dá o sabor amargo à bebida. "Além do tipo de lúpulo, que pode ser mais ou menos amargo, o momento em que ele é adicionado é importante: quanto mais cedo, mais suave o sabor, porque o cozimento neutraliza as substâncias químicas da flor", diz a mestre-cervejeira Cilene Saorin, degustadora profissional da bebida. Mas a maior distinção surge na etapa da fermentação.
Nessa hora, o malte misturado com água se transforma em cerveja propriamente dita pela ação das leveduras - fungos que se alimentam de açúcar e produzem álcool. O tipo de levedura determina as duas principais famílias de cerveja. A primeira reúne as marcas de baixa fermentação, em que a levedura usada afunda no líquido. Em inglês são chamadas de lagers e incluem bebidas leves e claras, como as principais marcas brasileiras, que, de acordo com os especialistas, devem ser consumidas numa temperatura entre 0 e 5 ºC. O segundo grupo é o das cervejas de alta fermentação, quando os fungos só flutuam na mistura final. Também conhecidas como ales, elas são geralmente mais fortes e podem ser consumidas a até 10 ºC. As diferenças param por aí, mas o processo de fabricação, não. Antes de ir para a garrafa, a cerveja passa até três meses em tanques de resfriamento. Depois, uma filtragem dá cor e brilho à bebida.
E, por fim, uma etapa de pasteurização prolonga a validade do produto.
Rodada completa
Variações nos ingredientes e na fermentação definem os oito principais tipos da bebida
Nas fotos destas páginas você verá que cada cerveja tem um copo diferente.
Os especialistas garantem que isso é importante para favorecer a formação do colarinho. Essa camada de espuma branca evita que o aroma da cerveja seja perdido rapidamente.
Trappiste - Raridade cara
Cerveja de alta fermentação produzida em apenas seis mosteiros na Bélgica e na Holanda. Geralmente, são fechadas com rolhas e a fermentação continua na garrafa. Possui grau alcoólico alto (8%) e sabor forte levemente apimentado, por causa do tipo de lúpulo utilizado. No Brasil, uma garrafa custa 50 reais.
Em alemão, weissbier significa "cerveja branca", uma referência ao uso de trigo em vez de cevada para fazer malte. Essas cervejas de alta fermentação e teor alcoólico de 5% têm aromas que lembram maçã cozida e cravo. As mais conhecidas são as alemãs Erdinger e Weizenbock, servidas como cervejas natalinas.
Pale Ale - Ovelha branca
Ao contrário dos outros tipos de alta fermentação, em geral escuros, a pale ale normalmente é dourada. Seu gosto também é único: além do álcool, o tipo de levedura utilizado gera substâncias aromáticas que lembram o gosto de frutas. Surgiu na Alemanha no século 16 - no Brasil, a Baden Baden representa a variedade.
Dry Stout - Sabor de café
A marca Guiness é a mais famosa desse estilo de cerveja, de cor quase totalmente negra, surgida na Irlanda e produzida tanto por alta como por baixa fermentação. O gosto seco e amargo da torragem do malte e da cevada lembra um pouco o sabor de café. O teor alcoólico geralmente é médio, variando entre 5 e 6%.
Bock - Tradição invernal
Muito apreciada no inverno, único período do ano em que é produzida, a bock é uma variedade escura e forte por causa do malte bem torrado e do lúpulo amargo. Foi inventada no século 14 na cidade de Einbeck, na Alemanha. O nome original dessa cerveja de baixa fermentação era beck, uma homenagem à região onde apareceu.
Draft - Estilo americano
Com menos de 5% de teor alcoólico, é o tipo mais popular nos Estados Unidos, onde a marca Miller é uma das mais consumidas. Também pertence à família de baixa fermentação - a diferença é que a draft não passa pelo processo de pasteurização, mas por uma filtragem que retira microrganismos e aumenta sua validade.
Pilsen - Preferência nacional
O tipo mais conhecido no Brasil pertence à família das cervejas de baixa fermentação e surgiu em 1842, na cidade de Pilsen, na República Tcheca. Em geral, têm teor alcoólico de 5% e lúpulo amargo, que causa aquela sensação de boca seca. O chope é uma pilsen, mas, por não ser pasteurizado, só dura um mês.
Framboise - Acidez disfarçada
Criada no século 17, essa cerveja belga é a única feita com a fermentação espontânea dos próprios microrganismos do ar. Por isso, sua qualidade varia muito. Para diminuir a acidez do sabor, os inventores acrescentaram xarope de framboesa, gerando a cor avermelhada dessa variedade.
Fonte:Me
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